quarta-feira, 28 de março de 2012

Dor apenas adormece

Hoje voltando de uma formação, entrei em um supermercado e quando já estava na fila presenciei uma cena que me inquietou ao ponto de sair do mercado com lágrimas nos olhos. Um pai com três filhas a passar as compras e com muito cuidado dizia para uma delas (que deduzo pelo tamanho e forma de falar ser a mais velha das três). Filha leva sua irmãs para sentar naquele banco de espera. Ela muito cuidadosa segurou as mãos das outras e falou: “vamos sentar ali e ficar quietinhas que papai estar comprando nossa comida”. A menor falou: “pai você não vai comprar bife de carne pra fazer como mamãe fazia?”. O pai mudou de cor, parecia que a criança havia tocado em alguma ferida e logo respondeu: “filhinha, você não acha melhor lembrar da mamãe olhando para as estrelas no céu? Eu não sei fazer aquele bife, só a mamãe sabia fazer para nós”. Ela respondeu com os olhinhos encharcados de lágrimas: “pai, eu só quero lembrar dela. Estou com saudades da mamãe”. O pai então pediu para a mais velha ir buscar no setor o bife, mas na incerteza que ela acertaria o local  me pediu a gentileza de olhar por alguns minutos suas compras e a criança(já que a próxima da fila era eu). Naquele momento pude perceber o quanto sou frágil e sensível ao extremo a determinadas situações, enchi os olhos de lágrimas ao tocar na criança que falava: “eu queria ver mamãe tou com muita saudade”. Eu fiquei calada e respirando fundo pra lágrima não cair e fui incapaz de falar algo. Apenas toquei naquele anjinho com muita vontade de abraçar e beijar e como fiquei embriagada com o sentimento de perda que a criança sofrera, acabei por lembrar de mim quando perdi minha tia-mãe. Só ela sabia fazer as melhores comidas e me acarinhar, só ela era capaz de me fazer sentir amada e quando a perdi percebi que nunca mais teria alguém que me desse o colo que ela deu, que me amasse com tanta intensidade e que tivesse a sensibilidade que ela tinha em perceber quando eu não estava bem. Sentir-me tão mal e “inválida”, pareceu com a mesma cena de 14 anos atrás, apenas trocaram a personagem. Quando o  pai voltou me agradeceu e falou: “ a minha esposa faleceu, mas me deixou 3 joias lindas. Desculpas por ter feito você esperar na fila, esse é o 1º mês que faço compras sem ela”.  Eu fiquei embaraçada ao escutar o que ele falava, olhei nos olhos dele e pude ler sua tristeza com a dor da perda e disse: que DEUS esteja em suas vidas e que sempre que a dor vier, lembre-se de tentar superar pelo amor de suas filhas. Ele se foi com as princesas e recebi um beijo da maior que me disse: “obrigada por cuidar da minha irmãzinha quando chorava”. Foi o suficiente para entrar no ônibus e durante percurso chorar, resolvi descer a beira mar e emanar a energias frente às águas e cheguei a conclusão de quão frágil e inútil me sentir ao perceber que o tempo não sara nada como gostaríamos, ele nos embriaga e adormece o coração para caminharmos em busca de nossos objetivos terrenos. Por mais que meu anjo esteja comigo, sei que me abraçou porque percebeu o quanto ainda preciso de colo. 

Primeiro evento cultural de minha bebê


Desde que a tia da escola começou os ensaios para a semana carnavalesca que Ayanna falava do desfile que ia participar, estava empolgada porque tinha que ir a festa vestida de índia. Essa escolha se deu após minha bebê ver uma foto minha vestida de índia e numa tribo(risos). "Mamãe quero dessa roupa pra festa"! Ainda falei que era melhor outra roupa porque nas lojas não tinham mais, foi só emoção até encontrar a fantasia, mas enfim conseguir! Não precisa dizer o quanto ela ficou feliz quando cheguei em casa com a fantasia, era tanto " mamãe eu te ama"!(é assim que ela fala), a noite foi longa pra ela porque as 05:30h Ayanna estava com todo gás: "Mamãe eu já dormiu, tá na hora da festa da minha escola".
Aff!!quase choro de tanto sono, enfim tarefa de mãe com a ausência do pai ninguém substitui...
Bom, chegamos a escola a mesa e o palco estavam prontos. Os jurados a postos e as crianças era só festa, gritos, corre-corre, brincadeiras, etc. Iniciou o desfile com diversas categorias, o infantil I representava originalidade e simpatia. Ayanna passou um tempo na passarela do frevo tímida, quase chorando e correu pro meus braços dizendo: "mamãe eu estou pelada? Cadê minha blusinha"? Até esse momento ela não se deu conta como se vestia um índio, expliquei e ela disse: "eu sou índia é mamãe?" Respondi que sim e ela liberou a atriz oculta, subiu na passarela e desfilou toda sorridente, frevou e sambou. E a mãe boba só fazia rir e aplaudir. O resultado final do desfile foi lindo! Minha bebê ganhou em 1º lugar na categoria: Originalidade e recebeu o título de garota simpatia recebendo como prêmio uma medalha. Categorias, medalhas não importam, pra mim o legal foi Ayanna ter participado porque causou surpresa a todos, pois embora seja o xodó das tias é uma menina tímida na escola e dificilmente quer participar de atividades culturais, essa foi o início de uma superação. O legal de tudo isso é que minha linda bebê representou bem as origens, tenho certeza que se a bizavó tivesse por aqui, estaria mais que orgulhosa......e a mamy aqui se encheu de orgulho da produção mais rica que já fez durante toda a vida. Filhos são sempre nossa maior riqueza...não abro mão deles...embora não possa estar presente em todas as comemorações escolares.
O vídeo ficou uma graça...